quinta-feira, 12 de setembro de 2013

                                                         HIC, HIC, HIC...                                                
                                                                                       Normalice Souza           


            Estou bêbada, fazendo hic, hic, hic, depois de apenas duas taças de vinho. Resolvi fazer uma farra, sozinha, com direito a vinho, queijo, pão de nozes, presunto cru. Tudo que não posso, tudo o que não devo. Dei-me este prazer de péssimo resultado. Estou tentando escrever, mas o computador não pára de assinalar, em vermelho, que estou trocando letras e concordância. E daí? Estou me sentindo leve e feliz e não quero pensar nos erros de ortografia, nos gramas a mais, no colesterol mais alto, no açúcar explodindo. Às favas. Tudo às favas. Quanto ao computador e suas correções, amanhã, ou depois, quando passar a bebedeira, darei um jeito. Como não tenho o hábito de beber qualquer coisa me derruba e não acho nada engraçado a sensação de que o chão se abre em buracos, que o sofá balança, que a cama gira feito louca quando me deito nela e que preciso segurar-me nas bordas para não cair. Então por que resolvi tomar umas e outras e ainda mais sozinha? Por farra, pura farra. Não estou triste nem infeliz e mesmo que estivesse não beberia por isso, muito ao contrário, costumo sofrer minhas dores sem anestesia. Quando as coisas vão mal não bebo (quase nunca o faço. Acho horríveis o gosto e o efeito. Se gostasse de um suportaria o outro), não sou chegada a religiões (neste item tenho muitas dúvidas e nenhuma certeza), não fumo para relaxar (não sou tão tola para pagar por uma morte lenta), não tomo drogas (por total falta de curiosidade), não tomo calmantes ou antidepressivos (apenas porque não posso comprá-los sem receita), nem vou à psicoterapeutas (acredito neles, mas não posso pagá-los), sofro assim: a ferro e fogo. Nada de paraquedas para ajudar na descida; arrebento a cara logo de vez. Sei lá por que... Se não sei quando estou lúcida imagine agora que estou bêbada de trocar as letras, já que sentada seria impossível trocar as pernas (e talvez nem seja), mas troco os dedos no teclado. Não estou dizendo coisa com coisa? Deve ser porque não estou pensando coisa com coisa. Por enquanto a sensação é maravilhosa e seria bem melhor se não fosse o soluço que me traz esta golfada azeda que me diz que o estômago (ou o fígado?) não gostou do cardápio, mas nada é perfeito e enquanto tudo não começa a rodar, o computar a se mexer e a labirintite não ataca, aproveito para relatar esta experiência para mais tarde eu poder saber como se sente um bêbado, pelo menos como me sinto bêbada como uma cabra (ou se diz como um gambá?) apesar de ter bebido tão pouco.  
       Levantei-me e fui buscar mais uma taça de vinho, mais uma fatia de pão e de presunto; bebi o vinho de uma golada só, apenas para ver o que acontece e comi o pão com presunto bem rapidamente para aliviar o efeito que já se manifesta. Acho que depois disto não terei outro jeito senão desligar o computador/redator de textos que me tem servido tanto (só para isto, não mais que isto; ah! e para jogar paciência) e dar um até logo, até amanhã, até nunca, até sempre e ir desfrutar o prazer do vinho, do não habitual. E viva Baco!!!! 



OS HÓSPEDES        

 Normalice Souza


       Os hóspedes se foram Sem despedidas, sem obrigados, sem dar qualquer sinal de que não os encontraria ao amanhecer. Acordei e abri as cortinas com muito cuidado para não assustá-los, como de hábito nos últimos dias, espiei para ver como estavam e constatei que o ninho estava vazio. Pois é, eu tive o prazer de ter um ninho de assanhaço (ou será sanhaço? verificarei, talvez um dia, em algum compendio - puxa vida, que palavra-) Vi nascer os primeiros sinais desta bela residência, acompanhei a sua construção, coloquei água e comida estrategicamente próximas à morada, cuidei em fechar as cortinas ao cair da tarde para não incomodar com a claridade os habitantes do anexo ao meu quarto, melhor dizendo, na jardineira da janela. Ouvi encantada os primeiros ruídos dos novos moradores, a agitação quando a mãe chegava com a comida, e esperei ansiosa os ensaios de voo. A observação era feita com muita discrição com receio que a minha presença ostensiva os assustasse e os fizesse fugir. Na verdade a mãe já se acostumara, mais ou menos, com a minha presença, mas temia o medo dos pequenos. Fiquei, assim, acompanhando o que eu pensava seria o desenvolvimento da família, mas eles me deram um baile. Não tive a sorte de ver os ensaios de voos que me preparassem para a partida iminente e por isso fui pegada de surpresa e de alguma forma sinto-me um pouco traída. Com o meu sentimento de abandono verifico, mais uma vez, que nada na vida é completamente desinteressado e que a minha calorosa receptividade de alguma forma esperava uma recompensa. Pelo menos desejava vê-los crescer, ora essa! Madrinha auto eleita, e abandonada, contento-me agora em olhar o ninho vazio na esperança que alguma outra passarinha aproveite a residência já pronta e desocupada e venha fazer-me um pouco de companhia; nem que seja por poucos dias.
      Ando pensando em colocar um anúncio no jasmineiro:

               CEDE-SE ESPAÇO PARA CONSTRUÇÃO DE NINHOS.                         
               ÁGUA E ALIMENTO GRÁTIS.
               SILÊNCIO E SEGURANÇA GARANTIDOS.

      Quem se habilita?  
       


domingo, 1 de setembro de 2013

TONTERÍA

 Normalice Souza

             No voo de volta desta rápida escapada à Argentina e Chile ela recosta a cabeça, fecha olhos e começa a relembrar. Volta a sentir na pele o calor e a excitação que a possuíram, sente-se lânguida, emocionada, sonhadora.
     Eles se conheceram quando o simpático guia da excursão da tarde convidou para um passeio noturno o grupo de quatro mulheres descompromissadas (duas colombianas, sua amiga e ela). Este era um programa exclusivamente amigável e sem qualquer relação com o seu trabalho. (Ou teria?) Um grupo composto por quatro mulheres e um homem está sempre aberto para uma nova companhia masculina.
       De dentro do carro, no banco de trás ela observa o homem que atende ao chamado do amigo e não tem qualquer opinião a seu respeito.  Inesperadamente para ela, mas certamente não para ele, o homem é convidado ir junto ¨tomar una copa¨ e aceita, não antes de perguntar educadamente se todos, isto é todas, concordam.  Desde a tarde havia um disputa surda, disfarçada, entre ela e as colombianas pelo guia da excursão. Ela avaliou seu cacife e vendo que não era páreo para as colombianas recolheu-se à sua insignificância. Esta clareza da situação a ajudou a relaxar e divertir-se sem ter que fazer charme, mas algumas vezes flagrou-se a flertar, descaradamente com o guia, sem que este tivesse qualquer atitude desencorajadora. Muito pelo contrário. O convidado de última hora mostrou-se encantador, engraçado. Riam, riam muito das piadas das quis ele era exímio contador, até o momento que contou uma piada sobre negro; enquanto todos riam ela disse ¨eu sou negra¨; ele precisou de uma fração de segundo para perceber o que ela havia dito, mas acreditou ter entendido mal e tornou a perguntar o que dissera. Repetiu ¨ eu sou negra¨ ¨Mas não. Com esta cor de pele? ¨ ¨sou negra de sangue, amo negros, meu marido era negro, meu pai também¨, continuou a insistir sem querer largar o osso e mesmo vendo que ele já estava demasiadamente embaraçado não fez qualquer esforço para aliviá-lo. Sentiu certo prazer cruel em atormentá-lo. O amigo veio em seu socorro dizendo ¨eu também sou negro¨, num tom de brincadeira e todos riram. Para aliviar a tensão resolveu ser generosa e deixou passar este momento não sem ensaiar sedução: ¨los negros son calientes¨, assim, aparentemente dirigindo-se a ninguém, mas objetivando o alvo, o don juan do dia. Talvez para ser gentil, como uma forma de desculpar-se, quis saber ¨você disse que seu marido era negro; por que era?.¨ ¨ele morreu¨ e este foi um assunto que o tirou do desconforto e mudou o foco da conversa. O ambiente voltou ao normal, mas de alguma forma algo mudou entre eles. À s vezes ele deixava de dirigir-se ao grupo e lhe falava, baixinho, pequenas coisas ao pé do ouvido. Quando a amiga lhe sussurrou: ¨ele está a fim de você¨ ela negou, preferiu não acreditar. Ficou triste quando um dos dois homens sugeriu que se fossem. Sentiu uma saudade aguda sem saber de que ou de quem, como se já tivesse partido. Desejou fortemente poder congelar o momento, manter-se nele até se fartar.  Na saída formaram dois grupos e já não havia mais clima de conquista. Andaram até os dois carros então o guia apontando para as colombianas perguntou, ¨eu vou levá-las ao hotel. Vocês se incomodam em ir no outro carro? ¨ Concordou decepcionada.  Sentada ao seu lado no banco da frente, ao chegar ao hotel apressou-se em descer, mas ele manteve a sua porta trancada enquanto despedia-se da outra mulher e somente quando esta já se afastara alguns passos abriu-lhe a porta, ajudou-a a descer e quando lhe apertava a mão em despedida falou, quase sussurrando,¨se não estivesses acompanhada eu a convidaria para outra copa¨.Ela não sabe se ficou surpresa, mas com certeza ficou excitada com a possibilidade e antes que ele mudasse de ideia: ¨não há problema; posso deixá-la no hotel e ir¨. ¨Sim? E gostarias? ¨, ¨Gostaria muito¨.¨Então vamos¨. Saltou, literalmente, para dentro do veículo; ele entrou sorrindo de um jeito maroto, infantil. Comportavam-se como crianças que fazem uma travessura. Assim  começou aquela noite que agora ela sabe que deve arquivar para relembrar em algum dia triste e solitário.
       Quando o carro já se afastava do hotel estranhou a própria alegria e se perguntou por que aceitara. Que importa a razão? estavam alegres antevendo aventuras noturnas por Santiago. Perguntou-lhe aonde queria ir, ela deixou ao seu encargo a escolha, mesmo porque não conhecia qualquer lugar na cidade. Quase não se falaram durante o trajeto, como se não houvesse o que dizer ao outro. E não havia. O bar aonde foram estava semideserto, à média luz, com três níveis de piso e ambientes bem distintos. O térreo era visível, a sobreloja podia-se adivinhar apesar da semiescuridão, mas ele a conduziu ao subsolo, nem mais nem menos iluminado, dividido em espaços semicirculares, reservados, mas não muito, numerados, e ao lhes darem o de número treze quis saber se o aceitava ou preferia outro, se tinha superstição. Riu, afirmou-lhe que não, não tinha. Sempre adorou estes ambientes meio bas fond, com cara de transgressão ou permissividade, de aparência falsamente marginal. Sentiu-se mergulhada numa aventura imprevisível. Quando o garçon trouxe o pedido e avisou que só voltaria se fosse chamado por um botão colocado na parede, ele fingiu não conhecer, como se fosse esta a primeira vez que ali estivesse. Volta a sentir o momento e percebe que seu corpo se aquece.
      Uma ligeira turbulência do avião lhe permite romper o fluxo dos pensamentos, abre os olhos, chama a aeromoça e pede água, tenta conversar com o passageiro ao lado, mas é vencida pela sua mente e torna a fechar os olhos e volta a afundar nas lembranças. Revê o espaço físico do bar, percebe que se colocou em posição receptiva, mas não oferecida; a linguagem corporal fala muito forte. Recorda-se que sentou não junto a ele, mas formando um ângulo, joelho com joelho; não tinha certeza de querer uma aproximação, aceitara o convite por impulso e embora estivesse feliz queria demonstrar que não forçava nada, que tudo poderia ser somente um drink num bar. Falaram um pouco sobre si, a princípio superficialmente, depois a conversa tornou-se mais íntima; falaram de amores, desamores, alegrias e sofrimentos. Parecia que se esqueceram estar ali para uma noitada sem consequência, no máximo para uma aventura, se tudo corresse bem.    
    O aviso de apertar cintos e a informação de que aterrissavam em Buenos Aires a tiraram dos pensamentos pela necessidade prática de realizar os procedimentos normais da ocasião. Recolher bagagem, pegar táxi a distraem por alguns momentos, mas a caminho do hotel, sentada quieta no carro, ela revê a cidade que a encantara, e continua encantando, sem a mesma paixão da partida. A amiga sente, sabe que aconteceu alguma coisa que ela não quer contar e respeita o seu silêncio, não faz perguntas, mas tenta distraí-la puxando uma conversa qualquer que ele ensaia corresponder sem sucesso. A outra se cala, interiormente ela agradece. Deseja estar em Santiago. Não pela cidade, com certeza. Hotel, banho, e ela resolve sair, apesar da tempestade prevista que assusta a todos, inclusive sua amiga que não entende o seu desejo de caminhar em tal circunstância. Ela sabe bem o porquê. Ela sabe que vai entrar no primeiro posto de telefone público que encontrar e ligar para Santiago. Sabe, principalmente, que não deveria fazê-lo, mas isto é incontrolável e ela liga. Ele é gentil e simpático ao telefone. Apenas isto: gentil e simpático. Desliga com a certeza de ser uma estúpida, sente-se ridícula, tem raiva de si mesma por não ter resistido ao desejo. Por que o fizera se sabia com antecedência que seria assim, na melhor das hipóteses? Volta para o hotel e ante a surpresa da amiga  desculpa-se alegando o temporal que viria, mas que não veio. Excessivamente decepcionada para dormir, mas sem querer falar sobre o assunto que a outra finge ignorar, ela fecha os olhos e recomeça a lembrar. Como quem lê um livro retoma do ponto que parou. Tem este jeito de rever os fatos.  Sabe que é uma tolice recordar, acredita mesmo que não sente saudades do homem, mas da situação, do sentimento de aventura e carinho envolvidos. Volta a sentir calafrios e o mesmo prazer.se. Controla-se. Ou tenta. Não entende o que está acontecendo porque, afinal não era nenhuma garota ingênua e inexperiente. Teve apenas uma aventura fulminante como um raio, tanto na rapidez quanto no estrago feito, com homem de quem nem consegue lembrar muito bem da aparência. Sente outra vez o cheiro do seu corpo; faz um esforço para lembrar-se do seu físico, mas é tudo muito vago, não se lembra da forma da sua boca e sim do vigor como beija; não sabe a cor dos seus olhos, embora se tivessem olhado fixa e longamente; tem uma leve lembrança de um nariz grande e bem talhado, mas recorda com clareza de seu cabelo farto e macio no qual ela enfiou os dedos com volúpia enquanto teve sua cabeça sobre seu ventre. Lembra-se do momento em que ele, inseguro, temeroso de uma rejeição, faz um teste de receptividade estendendo a mão e passando levemente dois dedos na pele do seu colo: ¨você tem uma pele tão fina... ¨ Volta a ter o mesmo estremecimento. Ela aceitara o gesto com prazer e agradecera o elogio com o dissimulado sorriso irônico de quem sabe o que vem a seguir. Aguardou. Quis ter a certeza que a iniciativa partiria dele. Depois de algum tempo calado, com um ar plácido, olhando nos seus olhos, pegou o colar que estava em seu pescoço perguntando ¨que pedra é esta? ¨ Fez um esforço para recordar: ¨dolomita¨. Avaliando a resistência pergunta ¨se rompe? ¨ ¨Tudo se rompe¨ Ele fez uma leve pressão puxando-a  em sua direção, como se fosse uma coleira, e não precisou fazer qualquer esforço, pois ela não quis resistir ¨Gosto deste seu jeito selvagem de beijar¨, falou-lhe, muito excitado, no breve instante que parou para respirar; ela não respondeu e o beijou com mais intensidade. Excitados demais, com a respiração acelerada, o corpo trêmulo, ela forçou a separação e sentou-se (a esta altura já estavam de pé) ¨não podemos continuar aqui, vamos a algum lugar¨. Nem chamaram o garçon, foram direto ao caixa; ela propôs dividirem, ele latinamente não aceitou. Andaram abraçados até o carro. Foram a um motel no centro da cidade, com um recepcionista esperto e ágil e moças de aparência de índias chilenas, ou peruanas, que aguardavam sentadas os possíveis chamados dos hóspedes e que lhes sorriram com ar cansado e sonolento. Mal conseguiram atravessar a porta do quarto e ainda encostado à mesma puxou-a ao seu encontro ¨mulher, que é que você está fazendo comigo? Mal posso suportar¨ Ela não teve chance de responder, pois ele calou-a com a própria boca enquanto se arrancavam as roupas. Amaram-se, repetidamente, com paixão, de maneira louca, carinhosa, ardente, gulosa. Não se separaram após o amor, mas ficaram ainda deitados e abraçados até que ele falou ¨não posso dormir senão amanhã perco o meu emprego¨. ¨Vou dizer a minha amiga que me levaste para bailar; para ensinar tango¨. Brincalhão falou ¨sim, e tu me ensinaste a dançar la samba¨. ¨Quando minha amiga perguntar aonde fui, que eu digo? ¨, quis saber também na brincadeira e então obteve a resposta que a intrigou: ¨ las quatro... ¨, (uma palavra que deduziu ser patas ou patitas) e respondendo à sua curiosidade sobre o significado explicou que se dissesse isto todos, (chilenos, claro) saberiam que se referia à cama. Na saída uma das moças quis saber, falsamente gentil apenas para distraí-la enquanto a conta era paga, se haviam gostado; ¨do motel ou do homem?¨, pensou, mas calou. ¨Estavam no dezessete, não? ¨. ¨Não sei, foi um apartamento de frente para a rua¨, e obteve a promessa de que ¨na próxima vez lhes darei um melhor¨, descaradamente respondeu ¨este me pareceu muito bem¨ (De novo pensava no homem e não no quarto) ¨Sabes o número do quarto que nos deram? ¨ ¨Não¨. ¨O treze, o mesmo número que nos deram no bar¨. ¨Foi? Que coincidência¨. Não crê em qualquer influência deste número, mas acha que vai reconsiderar. A caminho do hotel afirmou, sem que ela tivesse perguntado, que esta era a primeira vez que se relacionava com uma turista ligada ao seu trabalho. Não lhe respondeu nada; ou talvez tenha até dito ¨mesmo? ¨ de forma nada convincente porque não acreditou nisto. Ao deixá-la, abriu-lhe a porta do carro, beijou-a de leve, deu-lhe seu cartão com telefone e e-mail, e enquanto ela se dirigia à portaria notou que ele foi em direção ao carro e tornou a voltar. Virou-se e o viu com a expressão de quem queria dizer algo, com a boca aberta pronta a articular as palavras, então perguntou ¨sim? ¨, ¨precisamos nos ver de novo¨ foi a resposta embaraçada. Lamentando interiormente a impossibilidade disto acontecer prometeu ¨na próxima vez que vier ao Chile¨.  
        Na manhã seguinte sai de Buenos Aires mais triste do que saiu de Santiago. Esta é a primeira vez que não deseja voltar para casa. Sente que alguma coisa, que ela não quer que se acabe, encerra-se ali.

      Tolaridícularomânticaincurável.